terça-feira, 6 de abril de 2021

Civilizações alienígenas também causariam aquecimento global, diz estudo

A Terra está agora em uma era geológica conhecida como Antropoceno. Como o próprio nome sugere, essa é uma época marcada pela ação do homem, que teve seu início em algum momento no final do século 18, quando as escolhas humanas passaram a impactar globalmente o meio ambiente. 

Hoje, fala-se muito sobre migrar para outros planetas como forma de fugir dos efeitos das mudanças climáticas. Mas será que o cenário fora da Terra seria tão diferente assim? Um grupo de pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, fez a mesma pergunta, e resolveu simular como a vida e os impactos para sustentá-la evoluiriam em outros planetas.

Os cientistas levaram em conta os exoplanetas, ou seja, planetas que estão fora do nosso Sistema Solar, mas que também orbitam alguma estrela. Eles assumiram que uma possível civilização poderia surgir em corpos celestes com níveis iniciais de dióxido de carbono (CO2) não prejudiciais à formação da vida, assim como na Terra. Nessa simulação, os habitantes também gerariam energia pela queima de combustíveis fósseis, que colocam mais CO2 na atmosfera.

Nesse ponto, vale uma breve explicação sobre o dióxido de carbono: esse gás é essencial para que haja vida na Terra, por exemplo. Ele é responsável por reter o calor, mantendo o planeta em um clima ideal. O problema é quando o nível do dióxido de carbono aumenta ao ponto de superaquecer o planeta, levando a consequências devastadoras, como o aumento do nível do mar e a perda da biodiversidade.

Na simulação feita pelos cientistas, os planetas teriam uma temperatura média de 14 ºC no momento em que a sociedade começasse a adentrar em sua era do Antropoceno. O estudo considera corpos celestes dentro da chamada zona habitável – região do espaço em que o planeta não está nem tão longe da sua estrela para a água congelar, e nem tão perto para evaporar, mas sim em um ponto ideal para ter H2O líquida.

Além de estabelecer o estado físico da água, a proximidade com a estrela também define quais exoplanetas vão receber mais ou menos calor. Na simulação dos pesquisadores, planetas mais próximos de estrelas receberiam mais calor e, consequentemente, contariam com menos CO2, enquanto o oposto ocorreria nos mais distantes. Como foi explicado mais acima, o gás é necessário para manter o planeta aquecido e permitir a vida, por isso sua maior incidência necessária em localizações mais gélidas. 

Então, os cientistas aplicaram modelos climáticos nesses planetas, considerando o crescimento gradual da população. De acordo com os resultados, 60% dos exoplanetas que se encaixam nestas características enfrentariam um aquecimento global semelhante ao causado na Terra. Quanto mais gente, maior a necessidade de produzir energia, o que aumentaria a liberação dos gases do efeito estufa. 

Aqueles que estivessem mais próximos da estrela seriam mais afetados devido a sua maior sensibilidade climática. De acordo com os pesquisadores, mesmo aumentos pequenos na emissão de CO2 já seriam suficientes para desencadear um evento de mudança climática capaz de prejudicar a população. Já os planetas mais distantes, que ficariam próximos a margem da chamada zona habitável, teriam uma sensibilidade climática menor e as civilizações poderiam aumentar os níveis de CO2 sem problemas. Mas nem tudo são flores: a população acabaria alcançando um crescimento insustentável, fazendo com que o planeta sucumbisse pelo esgotamento de recursos naturais. 

Apesar de estarem sendo considerados outros planetas, é notável que os cientistas tiveram como base as condições que permitem vida na Terra. “Em essência, estamos perguntando se, caso movêssemos a Terra para diferentes órbitas e/ou mudássemos sua concentração inicial de CO2, ainda teríamos acionado a mudança climática que estamos experimentando agora”, escrevem os autores. Além disso, não foram considerados cenários em que fossem utilizadas outras fontes de energia, como a solar ou eólica.

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