Protestos contra a lentidão dos governos para enfrentar a emergência climática global marcaram o primeiro fim de semana da COP26, conferência do clima da ONU que acontece em Glasgow, na Escócia.
Grupos de ativistas se reuniram no mundo todo para lembrar o Dia Global pela Justiça Climática. As manifestações ocorreram em países como Indonésia, Coreia do Sul, Austrália, México, França, Holanda e Bélgica, bem como no Reino Unido, onde os protescos aconteceram tanto em Glasgow, com a presença de cerca de 200 mil pessoas, segundo os organizadores, quanto em Londres, com 10 mil participantes.
Em Glasgow, a passeata seguiu um trajeto de 4 km, debaixo de chuva, frio e vento forte, e foi encabeçada por um grupo de indígenas mohawks da região de Quebec, no Canadá. A ponte George V, no centro da cidade escocesa, foi bloqueada por mais de 20 membros do grupo Scientist Rebellion (Rebelião dos Cientistas), que congrega pesquisadores e estudantes universitários. Usando jalecos de laboratório, eles se acorrentaram uns aos outros pelo pescoço. Algumas pessoas do grupo foram presas, mas não houve confronto com a polícia.
Apesar de diversos avanços aparentes na primeira semana de negociações (os quais seriam capazes de manter o aumento de temperaturas globais neste século abaixo de 2ºC em relação à média histórica), um dos arquitetos da atual fase de conversas diplomáticas declarou que é preciso evitar o excesso de otimismo.
Essa é a avaliação de Laurent Fabius, ex-primeiro-ministro da França e coordenador da COP de Paris, em 2015, a primeira a incluir todos os países do mundo no esforço de redução de emissões de gases causadores da mudança climática, no chamado Acordo de Paris. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Fabius ressaltou: “Os compromissos positivos são teóricos. O resultado será o de evitar o aquecimento perigoso caso eles sejam inteiramente cumpridos, o que obviamente é uma hipótese”. Ele ressaltou a necessidade de transparência e metodologia clara no acompanhamento das metas de redução de emissões.
Fóssil da Semana
Este sábado também foi marcado pela escolha do “antiprêmio” Fóssil da Semana, oferecido por uma rede de ONGs para quem é considerado o maior entrave ao sucesso das negociações das COPs. Previsivelmente, a láurea irônica foi para o Brasil e para o presidente Jair Bolsonaro, que não chegou nem mesmo a comparecer a Glasgow junto com os demais chefes de Estado, que discursaram nos primeiros dias do encontro.
Segundo a Climate Action Network (Rede de Ação Climática), que reúne 1.500 organizações não governamentais do mundo, o Brasil se tornou o Fóssil da Semana “pela maneira horrenda e inaceitável como trata os povos indígenas”.
“Na segunda-feira, a ativista indígena Txai Suruí foi elogiada por sua fala impactante na conferência, na qual contou aos líderes mundiais sobre os efeitos da mudança climática que já estão afetando sua tribo. Infelizmente, isso não caiu bem no país dela, onde foi criticada publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro por ‘atacar o Brasil’. Infelizmente, esse tipo de comportamento desprezível está bem documentado no país”, declarou a coalização de ONGs.
Protestos ao redor do mundo marcam primeiro fim de semana da COP26 Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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